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Assim como o mar: Certos dias, sou calmaria; Noutros, intensidade.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Sobre a vaidade


Quem nunca disse ou fez algo no intuito de se exibir? Aparecer, chamar a atenção sobre si, se sobressair na multidão?? Mesmo os mais discretos podem usar do próprio recato como uma forma de se diferenciar dos demais. É normal, é humano. Admitam. Ninguém está aqui condenando coisa alguma.

Às vezes a gente quer aparecer e nem mesmo admite. Há muitas formas de querer se afirmar ou simplesmente receber um pouco de afeto, que são veladas, talvez porque se tenha vergonha de assumir que, no fim das contas, o que se quer mesmo é chamar a atenção. Simples assim.

Você pode ter um corpo exuberante, uma cultura geral fantástica ou ainda uma polpuda conta bancária... vai me mentir que nunca usou uma dessas coisas para se achar mais importante, mais belo, mais rico, mais socialmente aceitável do que os humildes mortais?

Parece ser inerente ao ser humano usar os dons que recebeu ou as coisas que conquistou como forma de afirmar-se diante dos outros. "Eu sou talentoso, então sou especial". "Sou bela, então a natureza me agraciou". Doce ilusão.

Isto seria apenas mais uma face engraçada do nosso comportamento se não tivesse como raiz uma insegurança absurda em ser o que se é, simplesmente, sem precisar mostrar competência, conhecimento ou afirmar o próprio valor a cada 15 minutos.

Uma conta bancária recheada te traz mais conforto e segurança material. Ponto. Você não terá mais amigos por causa disso. O que você pode ter é mais gente puxando o seu saco porque quer o que você tem. Quanto à beleza, ela certamente faz muito bem aos olhos, torna a pessoa mais atraente. Mas qualquer mulher sabe que não será mais amada porque tem o rosto ou a bunda bonita. Você conseguirá chamar mais atenção e atrairá homens que te desejam sexualmente. E pronto. Isso não garante nada, caia na real.

Você também pode ser sedutor e deixar um rastro de mulheres apaixonadas e com o coração destroçado atrás de você. Grande merda. Cada uma delas lembrará de você como um canalha e acabará nos braços de um homem mais sensível, que tenha algum conteúdo. Você também pode ter um talento extraordinário pra qualquer coisa que seja. Isto significa apenas que você terá desempenho fantástico naquela área específica. Pode ser que no restante de sua vida você se comporte de forma quase tola e acabe por estragar até mesmo seu próprio dom.

Você também pode destroncar a língua falando difícil pra exibir sua cultura. Pode citar um milhão de autores, o que não quer dizer, de forma alguma, que você tenha idéias próprias. Você pode ter um cargo importante e comandar pessoas que dependem de suas decisões. Mas não se anime demais: você pode adoecer, perder, chorar e se desiludir igual ao mendigo da esquina. Aquele que você tem a impressão de que tem menos poder do que você, porque ele não usa terno.

Mencionar vitórias e conquistas, no fundo, pode ser apenas um meio de atrair olhares. Isso é humano, todas as pessoas do mundo querem atenção. Ninguém no planeta é tão independente que não se importe com o fato de ser odiado ou de passar despercebido. Mas não é melhor quando as pessoas nos amam também pelas nossas fraquezas?

Por que você acha que todos amam os bebês? A vulnerabilidade natural deles não dá um toque de inocência; não é uma fofura? Eles não fazem algo específico pra atrair afeto e, talvez por isso mesmo, o atraiam tanto. A naturalidade atrai. A inocência também.

Cadê a nossa inocência? Por que precisamos provar o atrasou tempo todo que somos bons e não nos contentamos em existir e evoluir naturalmente, como tudo o que vive no universo? Será que só mostramos as nossas vitórias porque não aceitamos a nós mesmos? E afinal, o que há de tão vitorioso em todo este fingimento?

Tudo na vida você pode perder. A única coisa que fica é você mesmo, sem adereços. Me parece que, no fim das contas, a grande vitória é conseguir ser o que se é, sem tantos enfeites e artificialismos. E sem contaminar-se por este fogo cruzado de vaidades que encobrem um medo brutal de não ser aceito.

Por: Juliana S. Davi

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